terça-feira, 21 de agosto de 2012

ENTREVISTA AO DIÁRIO DO ALENTEJO DO DIA 20-07-12. "Um CicloCrescente no desporto de Santa Vitória: Onde o ciclismo tem tradição..."

A Associação Ciclocrescente nasceu para enquadrar os inúmeros utilizadores de bicicleta que foram surgindo na freguesia de Santa Vitória, mas espera consolidar o projeto e honrar a tradição da terra.


A pedalar pela competição ou pelo convívio, a pedalar pela saúde ou pelo bem-estar, pedalando pelo desenvolvimento de uma terra onde o ciclismo tem tanta tradição e tantos filhos que foram ilustres praticantes da modalidade. É na praça central da aldeia que o pelotão afina as máquinas e ensaia as suas primeiras pedaladas, um espaço com a toponímia do médico Francisco Mira. A cerca de 50 metros fica a rua Ilídio do Rosário, esse mítico ciclista que a par de Lagarto, José Jacinto Rosa ou Manuel Lopes, o “Águinhas” (que correu duas Voltas a Portugal pelo Louletano), fizeram história no ciclismo e deram nome à terra. O centro de cultura e recreio já estava de portas abertas para servir o café da manhã e o frenesim das bicicletas aumentava à medida que o sol de levantava entre as encostas das bandas de Beja.
A atividade desportiva na aldeia já não é nova mas a associação foi constituída em outubro de 2011, revelou a presidente, também ciclista, Rute Merêncio, de 34 anos, assistente familiar na área da geriatria: “A ideia construiu-se a partir de uma prova de estrada que alguns dos nossos ciclistas fizeram em setembro do ano passado, em Évora. Ficou o gosto e a decisão de se aventurarem pelo ciclismo. Depois angariámos nomes para uma direção e partimos para a legalização da associação, logo no dia 4 de outubro de 2011 fizemos a escritura, nem demorámos um mês, para não esmorecer o entusiasmo”.
Porquê o nome de Ciclocrescente? “Foi um nome que estava disponível no Registo Nacional de Pessoas Coletivas quando fomos registar a associação e foi esse nome que ficou. Tem um pouco a ver com o ciclismo e também com a ambição crescente que temos em que a associação tenha sucesso”, revelou a dirigente. A verdade é que o movimento tem feito jus à designação, confirmou Rute Merêncio: “Desde que o clube surgiu muita gente se juntou ao nosso projeto, pessoas que não andavam de bicicleta e que já estão na estrada connosco, e até alguns investimentos em material”. E sublinhou: “O nosso objetivo é, basicamente, manter todos estes entusiastas a andar de bicicleta e arranjarmos mais adeptos. Já fizemos a nossa prova de BTT, que correu muito bem, tendo em conta que era a primeira vez. E em setembro vamos também organizar o 1.º Passeio de Cicloturismo, em homenagem a Ilídio do Rosário”. Por outro lado, a associação tem ainda atletas a competir em provas de estrada: “A última em que estivemos foi o Circuito de Grândola, em que o Francisco Viana conseguiu o primeiro lugar do seu escalão”, recordou Rute Merêncio.
A aquisição de uma carrinha, “mesmo velhinha”, e a abertura de uma sede são os grandes projetos que se apontam ao mandato da presidente recentemente eleita: “O antigo presidente demitiu-se, não tinha tempo para se dedicar a isto como ele queria, e eu assumi o cargo no dia 16 de junho”. As ajudas rareiam mas a dirigente adiantou que têm “o apoio incondicional da junta de freguesia, da quotização dos 22 sócios, do comércio local e do centro de cultura e desporto local”, para além de algumas verbas que arranjam com a organização dos passeios, com os quais, aliás, vão mobilizando a gente da terra: “Tivemos a nossa prova de BTT no dia 3 de junho e foi muito engraçado porque não estava à espera de ver tanta afluência de povo. Tínhamos a praça cheia a apoiar-‑nos, coisa que não se vê noutras freguesias que já têm BTT há algum tempo. Foi espetacular, as pessoas espalharam-se pelas ruas a aplaudir e isso enche-nos de orgulho”.
Agora falta incentivar a juventude da freguesia, que tem cerca de 600 habitantes. “Temos por aí muitos jovens, mas vamos tentar recrutar miúdos na faixa entre os 11 e os 15 anos para eles tomaram o gosto. De resto só existe o futebol e quem não joga frequenta os cafés, é assim a nossa juventude”, diz Rute Merêncio. Mas a associação pode ter uma boa intervenção social, “pondo mais gente da terra a andar de bicicleta e tentar levar o nome da Ciclocrescente o mais longe possível, projetar a associação a nível distrital, quem sabe se nacional”.
Francisco Viana, antigo jogador de futebol, natural da terra, comunga da mesma ideia: “Queremos incentivar a rapaziada a fazer desporto, mas tudo isto começou numa brincadeira de amigos que andavam de bicicleta e pensaram formar um clube, esperamos que isto não pare porque os apoios são poucos, mas vamos tentar construir uma coisa bonita aqui na nossa terra”, justifica o agora ciclista (já venceu uma prova de veteranos em Grândola), a quem os anos não pesam: “Estou bem, comecei a praticar desporto com 12 anos e hoje, aos 50, ainda me sinto com o espírito jovem”.

CARTAZ DO I PASSEIO CICLOTURISMO