A Associação Ciclocrescente nasceu para enquadrar os inúmeros utilizadores de bicicleta que foram surgindo na freguesia de Santa Vitória, mas espera consolidar o projeto e honrar a tradição da terra.
A pedalar pela competição ou pelo convívio, a pedalar pela saúde ou pelo bem-estar, pedalando pelo desenvolvimento de uma terra onde o ciclismo tem tanta tradição e tantos filhos que foram ilustres praticantes da modalidade. É na praça central da aldeia que o pelotão afina as máquinas e ensaia as suas primeiras pedaladas, um espaço com a toponímia do médico Francisco Mira. A cerca de 50 metros fica a rua Ilídio do Rosário, esse mítico ciclista que a par de Lagarto, José Jacinto Rosa ou Manuel Lopes, o “Águinhas” (que correu duas Voltas a Portugal pelo Louletano), fizeram história no ciclismo e deram nome à terra. O centro de cultura e recreio já estava de portas abertas para servir o café da manhã e o frenesim das bicicletas aumentava à medida que o sol de levantava entre as encostas das bandas de Beja.
A atividade desportiva na aldeia já não é nova mas a associação foi constituída em outubro de 2011, revelou a presidente, também ciclista, Rute Merêncio, de 34 anos, assistente familiar na área da geriatria: “A ideia construiu-se a partir de uma prova de estrada que alguns dos nossos ciclistas fizeram em setembro do ano passado, em Évora. Ficou o gosto e a decisão de se aventurarem pelo ciclismo. Depois angariámos nomes para uma direção e partimos para a legalização da associação, logo no dia 4 de outubro de 2011 fizemos a escritura, nem demorámos um mês, para não esmorecer o entusiasmo”.
Porquê o nome de Ciclocrescente? “Foi um nome que estava disponível no Registo Nacional de Pessoas Coletivas quando fomos registar a associação e foi esse nome que ficou. Tem um pouco a ver com o ciclismo e também com a ambição crescente que temos em que a associação tenha sucesso”, revelou a dirigente. A verdade é que o movimento tem feito jus à designação, confirmou Rute Merêncio: “Desde que o clube surgiu muita gente se juntou ao nosso projeto, pessoas que não andavam de bicicleta e que já estão na estrada connosco, e até alguns investimentos em material”. E sublinhou: “O nosso objetivo é, basicamente, manter todos estes entusiastas a andar de bicicleta e arranjarmos mais adeptos. Já fizemos a nossa prova de BTT, que correu muito bem, tendo em conta que era a primeira vez. E em setembro vamos também organizar o 1.º Passeio de Cicloturismo, em homenagem a Ilídio do Rosário”. Por outro lado, a associação tem ainda atletas a competir em provas de estrada: “A última em que estivemos foi o Circuito de Grândola, em que o Francisco Viana conseguiu o primeiro lugar do seu escalão”, recordou Rute Merêncio.
A aquisição de uma carrinha, “mesmo velhinha”, e a abertura de uma sede são os grandes projetos que se apontam ao mandato da presidente recentemente eleita: “O antigo presidente demitiu-se, não tinha tempo para se dedicar a isto como ele queria, e eu assumi o cargo no dia 16 de junho”. As ajudas rareiam mas a dirigente adiantou que têm “o apoio incondicional da junta de freguesia, da quotização dos 22 sócios, do comércio local e do centro de cultura e desporto local”, para além de algumas verbas que arranjam com a organização dos passeios, com os quais, aliás, vão mobilizando a gente da terra: “Tivemos a nossa prova de BTT no dia 3 de junho e foi muito engraçado porque não estava à espera de ver tanta afluência de povo. Tínhamos a praça cheia a apoiar-‑nos, coisa que não se vê noutras freguesias que já têm BTT há algum tempo. Foi espetacular, as pessoas espalharam-se pelas ruas a aplaudir e isso enche-nos de orgulho”.
Agora falta incentivar a juventude da freguesia, que tem cerca de 600 habitantes. “Temos por aí muitos jovens, mas vamos tentar recrutar miúdos na faixa entre os 11 e os 15 anos para eles tomaram o gosto. De resto só existe o futebol e quem não joga frequenta os cafés, é assim a nossa juventude”, diz Rute Merêncio. Mas a associação pode ter uma boa intervenção social, “pondo mais gente da terra a andar de bicicleta e tentar levar o nome da Ciclocrescente o mais longe possível, projetar a associação a nível distrital, quem sabe se nacional”.
Francisco Viana, antigo jogador de futebol, natural da terra, comunga da mesma ideia: “Queremos incentivar a rapaziada a fazer desporto, mas tudo isto começou numa brincadeira de amigos que andavam de bicicleta e pensaram formar um clube, esperamos que isto não pare porque os apoios são poucos, mas vamos tentar construir uma coisa bonita aqui na nossa terra”, justifica o agora ciclista (já venceu uma prova de veteranos em Grândola), a quem os anos não pesam: “Estou bem, comecei a praticar desporto com 12 anos e hoje, aos 50, ainda me sinto com o espírito jovem”.
A Associação Ciclocrescente nasceu devido ao facto de se verificar a existencia de uma lacuna na nossa zona, em termos de organização de atletas federados, aficionados ou simples utilizadores de bicicleta, pelos mais distintos motivos. Pedalando em competições, pedalando pelo convívio, pedalando por passeio, pedalando pela saúde, pedalando...
terça-feira, 21 de agosto de 2012
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